ARTETERAPIA E MATERNIDADE

Roberto y Silva

ARTETERAPIA E MATERNIDADE: UM ESTUDO DE CASO COM MAES DE ADULTOS COM SINDROME DE DOWN

ARTETERAPIA Y MATERNIDAD: UN ESTUDIO DE CASO CON MADRES DE ADULTOS CON SÍNDROME DE DOWN

Roberto Ferreira da Silva

Karen Rosângela Silva de Souza Saviotti

Para Zimerman & Osorio (1997), trabalhar com grupos, utilizando a modalidade grupal terapêutica, estabelece uma relação entre o profissional e o grupo que percorrem o processo terapêutico de forma coletiva até o momento que os integrantes desse grupo sintam o momento de caminharem sozinhos. Essa foi a metodologia utilizada no processo de Arteterapia destinado a duas mães que tinham filhos com síndrome de Down adultos. Essas mães serão identificadas por meio dos pseudônimos Drinha e Helô.

Foram realizadas trinta e quatro sessões de duas horas diárias na sede do Teatro de Bonecos Origens, em Belo Horizonte, Minas Gerais, entre fevereiro e dezembro de 2019. Nesse trabalho, serão apresentadas as expressões artísticas desenvolvidas nas 1ª, 4ª, 17ª e 23ª sessões. A escrita criativa foi a sessão que deu início ao processo de arteterapia das mães. Inicialmente, elas foram convidas a sentarem em cadeiras, em uma posição confortável. Foi introduzida no ambiente uma música instrumental com sons da natureza. Em seguida foi formulada a seguinte frase que norteou o início do processo: “Quem sou eu?”. Após um breve período de meditação, foi solicitado que fizessem uma escrita criativa (Figura 1) e posteriormente uma moldura simbolizando um quadro para destacar o texto que haviam produzido. Após terminarem as expressões simbólicas, foi proposto um momento de partilha em que as mães comentaram sobre as produções que elaboraram. Drinha se definiu como uma pessoa que teve grandes sonhos que foram adiados. Ela queria ter a coragem de pensar um pouco mais em si mesma. Helô descreveu que gosta muito de estar com a família e amigos, porém, relata que tem um grande vazio: ela tinha pai, mãe e três irmãos, e agora está só.

ARTETERAPIA Y MATERNIDAD: UN ESTUDO DE CASO CON MADRES DE ADULTOS CON SÍNDROME DE DOWN

Arteterapia e Maternidade: uma experiência desenvolvida no Teatro de Bonecos Origens

Roberto Ferreira da Silva

Pedagogo, pós-graduação em arteterapeuta, coordenador da comissão de Educação e Terapia da UNIMA Brasil - ABTB, coordenador da Secretaria de Educação e Terapia da UNIMA 3 américas/América Latina.

Karen Rosângela Silva de Souza Saviootti

Psicóloga, arteterapeuta, Mestre en Ciências.

Según Zimerman & Osorio (1997), el trabajo con grupos, utilizando la modalidad de grupo terapéutico, establece una relación entre el profesional y el grupo, que pasan por el proceso terapéutico colectivamente hasta que los miembros del grupo sienten que es el momento de hacerlo solos. Esta fue la metodología utilizada en el proceso arteterapéutico de dos madres que tenían hijos adultos con síndrome de Down. Estas madres serán identificadas por los seudónimos Drinha y Helô.

Se realizaron 34 sesiones de dos horas diarias en la sede del Teatro de Títeres Origens, en Belo Horizonte, Minas Gerais, entre febrero y diciembre de 2019. En este trabajo se presentarán las expresiones artísticas desarrolladas en las sesiones 1ª, 4ª, 17ª y 23ª. La escritura creativa fue la sesión que dio inicio al proceso arteterapéutico de las madres. Inicialmente, se les invitó a sentarse en sillas en una posición cómoda. Se introdujo en la sala música instrumental con sonidos de la naturaleza. A continuación, se formuló la siguiente frase para guiar el inicio del proceso: “¿Quién soy yo?”. Tras un breve periodo de meditación, se les pidió que realizaran una escritura creativa (Figura 1) y, a continuación, que hicieran un marco que simbolizara un cuadro para resaltar el texto que habían elaborado. Tras finalizar las expresiones simbólicas, se propuso un momento de puesta en común en el que las mamás comentaron sus producciones. Drinha se definió como una persona que tenía grandes sueños postergados. Quería tener el valor de pensar un poco más en sí misma. Helô describió lo mucho que le gusta pasar tiempo con su familia y amigos, pero dijo que siente un gran vacío: tuvo un padre, una madre y tres hermanos, y ahora está sola.

Fig. 1 – Escrita criativa das mães (Produção da Helô à esquerda, da Drinha à direita)

Na 4ª sessão, foi utilizada a técnica de colagem de figuras de revistas e papel crepom em um corpo simbólico representado por um desenho do corpo das participantes em um papel Kraft. Foi formulada a seguinte pergunta para reflexão: “Como o meu corpo deve estar para que eu possa ser uma pessoa mais saudável?”. Inicialmente, Helô fez o contorno do corpo de Drinha, que optou para ser desenhada olhando para cima.Posteriormente, Drinha desenhou o contorno do corpo de Helô, que optou para ser desenhada de lado (Figura 2). Com os contornos prontos, as mães iniciaram a colagem das revistas no corpo simbólico. Drinha usou figuras de uma estrada, consulta médica, alimentação saudável, mulheres bem cuidadas e felizes, exercícios físicos. Helô usou imagens de pessoas felizes na praia, bolos, corpo saudável e várias expressões como: “você é bonita demais”, “Saúde” e “Viva”. Essa modalidade terapêutica possibilitou a transferência do corpo anatômico das participantes para uma representação simbólica ampliando a possibilidade de as mães enxergarem os seus resultados.

En la 4ª sesión se utilizó la técnica de pegar fotos de revistas y papel crepé en un cuerpo simbólico representado por un dibujo del cuerpo de los participantes en papel kraft. Se planteó la siguiente pregunta para la reflexión: “¿Cómo debería ser mi cuerpo para ser una persona más sana?”. Inicialmente, Helô dibujó el contorno del cuerpo de Drinha, que eligió dibujarse mirando hacia arriba. Después, Drinha dibujó el contorno del cuerpo de Helô, que eligió ser dibujada de lado (Figura 2). Con los contornos listos, las mamás empezaron a pegar las revistas en el cuerpo simbólico. Drinha utilizó imágenes de una carretera, una cita con el médico, alimentación sana, mujeres bien peinadas y felices, ejercicio físico. Helô utilizó imágenes de gente feliz en la playa, pasteles, un cuerpo sano y diversas expresiones como: “eres demasiado guapa”, “Salud” y “Vive”. Esta modalidad terapéutica permitió transferir el cuerpo anatómico de las participantes a una representación simbólica, ampliando la posibilidad de que las madres vieran sus resultados.

Na 17ª sessão, a técnica artística utilizada foi a construção de máscaras. O objetivo foi promover a estimulação facial através do toque e possibilitar a construção de um personagem que emergiria do inconsciente individual e que possibilitaria a ampliação da consciência. Segundo Amaral (2001) a máscara provoca transformações imediatas e, com ela, a pessoa deixa as características de sua individualidade e assume as de um personagem. Podem ser classificadas por sua forma, pelo material que foram confeccionadas ou pelo tamanho. Nesse processo de Arteterapia, foi proposta a construção de meia máscara cobrindo apenas a parte superior do rosto para que, durante a performance com as máscaras, as mães pudessem expressar sentimentos com a boca (alegria, raiva, tristeza, etc.).

Para a construção das máscaras, foram utilizados ataduras gessadas, adereços e tinta. O processo foi concluído em duas sessões. Na primeira, foram passadas as informações preliminares de que uma mãe moldaria a máscara no rosto da outra. Helô optou por ser a primeira a ficar deitada e ter o rosto moldado por Drinha. Uma música instrumental foi inserida no ambiente e foi solicitado que Helô fechasse os olhos e relaxasse. Sem que Helô percebesse, foi solicitado a Drinha que antes de começar a modelagem, ela deveria promover uma estimulação facial utilizando as mãos e cremes aromatizados. Após um breve período, ela iniciou a modelagem da máscara no rosto de Helô. Após a conclusão da modelagem a máscara foi retirada do rosto de Helô. Em seguida, Drinha se deitou e todas as fases do processo se repetiram com Helô modelando a máscara no rosto de Drinha. Em seguida, cada mãe revestiu a sua máscara com papel kraft finalizando essa etapa.

Foi proposta uma escrita criativa a partir da seguinte pergunta: “O que estou sentindo ao construir a minha máscara?”. Drinha relatou que, até aquele momento da confecção, teve a sensação de se ver por dentro e por fora, de ver a própria alma, o seu inconsciente e ter podido enxergar o que não tinha visto antes, se conhecer melhor.

Helô falou que foi uma sensação muito boa, na parte em que teve o rosto acariciado e que se sentiu como se estivesse em um Spa. Na sessão seguinte, as participantes pintaram as máscaras com tinta branca, fizeram os detalhes com outras cores de tinta e acrescentaram lantejoulas e penas como adereços (Figura 3).

En la 17ª sesión, la técnica artística utilizada fue la fabricación de máscaras. El objetivo era promover la estimulación facial a través del tacto y posibilitar la construcción de un personaje que emergiera del inconsciente individual y permitiera la expansión de la conciencia. Según Amaral (2001), la máscara provoca transformaciones inmediatas y, con ella, la persona deja las características de su individualidad y asume las de un personaje. Se pueden clasificar por su forma, el material del que están hechas o su tamaño. En este proceso de arteterapia, se propuso construir una media máscara que cubriera sólo la parte superior del rostro para que, durante la actuación con las máscaras, las madres pudieran expresar sentimientos con la boca (alegría, enfado, tristeza, etc.).

Para hacer las máscaras se utilizaron vendas de escayola, atrezzo y pintura. El proceso se completó en dos sesiones. En la primera, se dio información preliminar de que una madre moldearía la máscara en la cara de la otra. Helô eligió ser la primera en tumbarse para que Drinha le moldeara la cara. Se puso música instrumental en la habitación y se pidió a Helô que cerrara los ojos y se relajara. Sin que Helô se diera cuenta, le pidieron a Drinha que, antes de empezar a modelar, promoviera la estimulación facial utilizando sus manos y cremas aromatizadas. Al cabo de un rato, empezó a modelar la máscara en la cara de Helô. Una vez finalizado el modelado, se retiró la máscara de la cara de Helô. Drinha se tumbó y se repitieron todas las fases del proceso, con Helô modelando la máscara en la cara de Drinha. A continuación, cada madre cubrió su máscara con papel kraft, finalizando así esta etapa.

Se propuso un proyecto de escritura creativa basado en la siguiente pregunta: “¿Qué estoy sintiendo cuando construyo mi máscara?”. Drinha relató que, hasta ese momento, había sentido que se estaba viendo por dentro y por fuera, viendo su propia alma, su inconsciente y pudiendo ver lo que no había visto antes, conociéndose mejor.

Helô dijo que le sentó muy bien que le acariciaran la cara y que se sentía como en un balneario. En la siguiente sesión, los participantes pintaron las máscaras con pintura blanca, hicieron los detalles con otros colores de pintura y añadieron lentejuelas y plumas como accesorios (Figura 3).

Fig. 2 – Representação em um corpo simbólico (Produção da Drinha à esquerda, da Helô à direita)

Novamente foi solicitada uma escrita criativa, mas agora com as seguintes perguntas: “Quem é o personagem que acabei de construir?”, “O que ele quer falar comigo?”. Helô respondeu que o seu personagem era o Pierrô3, que tinha um lado triste e outro alegre. Ela saudou o Pierrô cuja mensagem era de perseverança e de que ela não estava sozinha. Drinha relatou que é uma personagem elegante, e que ainda havia tempo para realizar os sonhos. “Ela não tinha que pagar o preço das decisões alheias”.

Segundo Duchastel (2010), o boneco pode representar o que está em nossa psique, mas que não consideramos como nós próprios, ou seja, revelar particularidades presentes em nosso inconsciente individual e que precisam ser expressas. Foi dentro dessa perspectiva que, a partir da 23ª até a 29ª sessão, foi utilizada a construção e encenação de bonecos de luva (Figura 4) para explorar o arquétipo da mulher selvagem. O conto ‘La loba’4 foi o escolhido em função de ter sido observado que as duas mães necessitavam ampliar as suas consciências para fortalecer a autoestima e potencializar sentimentos de autonomia.

De nuevo se les pidió que escribieran de forma creativa, pero ahora con las siguientes preguntas: “¿Quién es el personaje que acabo de construir?”, “¿Qué quiere decirme?”. Helô respondió que su personaje era Pierrô , que tenía un lado triste y otro alegre. Saludó a Pierrô3 cuyo mensaje era de perseverancia y de que no estaba sola. Drinha dijo que era un personaje elegante y que aún estaba a tiempo de realizar sus sueños. “Ella no tuvo que pagar el precio de las decisiones de otras personas”.

Según Duchastel (2010), la muñeca puede representar lo que está en nuestra psique, pero que no consideramos que seamos nosotros mismos, es decir, revelar particularidades presentes en nuestro inconsciente individual que necesitan ser expresadas. Fue desde esta perspectiva que, de la sesión 23 a la 29, se utilizó la construcción y puesta en escena de títeres de guante (Figura 4) para explorar el arquetipo de la mujer salvaje. Se eligió el cuento “La loba” porque se había observado que las dos madres necesitaban ampliar su conciencia para reforzar su autoestima y potenciar sentimientos de autonomía.

Fig. 3 – Confecção de máscaras (Produção da Drinha à esquerda, da Helô à direita)

Durante a construção dos bonecos, símbolos ligados ao conto como a caverna, representando o inconsciente individual; o juntar ossos, sugerindo uma necessidade de reconstruir sentimentos que sofreram agressões ou frustações, foram incorporados na confecção da luva e do figurino do boneco.

Estés (2018) registrou no conto ‘La Loba’ o que as mulheres devem procurar: a indestrutível força da vida representada nos ossos. Essa força foi representada através de botões que foram costurados na parte interna dos figurinos dos bonecos. Na técnica apresentada, os figurinos representavam a psique feminina. Nas luvas, simbolizando a alma humana, foram colados pedaços de EVA com palavras que representaram sentimentos que precisavam ser juntados (Figura 5).

Com os bonecos prontos, a sessão seguinte proporcionou uma vivência onde as mães dançaram com os seus bonecos, falando em voz alta os sentimentos que estavam no figurino. Drinha, por exemplo, gritou palavras como Paz, Amor, Sabedoria. Já Helô pronunciou expressões como Maturidade, Vontade de viver e Esperança.

Esse dançar com os bonecos simbolizou o cantar sobre os ossos, uma representação da restauração de sentimentos que necessitavam ser fortalecidos.

Considerações Finais

Esse relato de experiência apresentou parte do processo de Arteterapia desenvolvido com duas mães de adultos com Síndrome de Down. Foram selecionadas quatro técnicas artísticas que evidenciaram expressões simbólicas relevantes para a ressignificação de sentimentos e de anseios pessoais.

Durante a Arteterapia, as mães Drinha e Helô puderam ampliar a consciência sobre a possibilidade de disponibilizarem um tempo para cuidar de si mesmas e afirmaram a sua importância enquanto mulheres, para além do papel de mães de pessoas com Síndrome de Down.

Os diferentes momentos de escrita criativa, o processo de reflexão sobre o corpo simbólico e sobre as imagens representadas nele por meio de colagens, a confecção de máscaras e de bonecos de luva proporcionaram a expressão da subjetividade das mães e a ampliação da consciência acerca de suas experiências internas.

Para Jung, a criatividade artística é uma função psíquica natural e estruturante, cuja capacidade terapêutica está no processo de dar forma, de transformar conteúdos inconscientes em imagens simbólicas (REIS, 2014). As participantes da pesquisa demonstraram por meio de suas produções que os conteúdos inconscientes de mães de adultos com Síndrome de Down estão permeados de sentimentos como a decepção pelo tempo perdido (sonhos adiados), saudade de familiares, mas também de desejo de mudança, de uma vida saudável e feliz. Elas conseguiram acessar o inconsciente individual, ressignificar sentimentos que remetiam a tristezas e frustações e valorizar as conquistas internas, fortalecendo dessa forma, as perspectivas de viver.

É importante salientar que a Arteterapia desenvolvida com as mães Drinha e Helô não foi desenvolvida em uma clínica de saúde e sim em espaço cultural: o Teatro de Bonecos Origens. A apropriação do espaço durante as sessões certamente contribuiu para que as mães se sentissem à vontade para expressar suas emoções e para se sentirem protagonistas do seu processo arteterapêutico.

Para fazermos colocações mais consistentes sobre a relação entre expressões simbólicas de mães de adultos com Síndrome de Down, durante um processo de Arteterapia, e a ressignificação de sentimentos faz-se necessário aplicar as técnicas utilizadas nesse trabalho a novos grupos de mães. Um caminho possível de acesso a elas são Organizações Não Governamentais especializadas em saúde da população com Síndrome de Down.

Durante la construcción de las marionetas, se incorporaron a la confección del guante y el traje del títere símbolos vinculados al cuento, como la cueva, que representa el inconsciente individual; la unión de los huesos, que sugiere la necesidad de reconstruir los sentimientos que han sufrido una agresión o una frustración.

Estés (2018) recogió en el cuento ‘La Loba’ lo que las mujeres deben buscar: la fuerza indestructible de la vida representada en los huesos. Esta fuerza se representó a través de botones que se cosieron en el interior de los trajes de las marionetas. En la técnica presentada, los trajes representaban la psique femenina. En los guantes, que simbolizaban el alma humana, se pegaron trozos de EVA con palabras que representaban sentimientos que había que unir (Figura 5).

Con las marionetas listas, la siguiente sesión consistió en una experiencia en la que las mamás bailaron con sus marionetas, diciendo en voz alta los sentimientos que había en el disfraz. Drinha, por ejemplo, gritó palabras como Paz, Amor, Sabiduría. Helô, por su parte, pronunció expresiones como Madurez, Voluntad de vivir y Esperanza.

Este baile con las muñecas simbolizaba el canto sobre los huesos, una representación del restablecimiento de los sentimientos que había que reforzar.

Consideraciones finales

Este relato de experiencia presenta parte del proceso arteterapéutico desarrollado con dos madres de adultos con Síndrome de Down. Se seleccionaron cuatro técnicas artísticas que mostraron expresiones simbólicas relevantes para la resignificación de sentimientos y ansiedades personales.

Durante la terapia artística, las madres Drinha y Helô pudieron concienciarse de la posibilidad de tomarse tiempo para cuidar de sí mismas y afirmaron su importancia como mujeres, más allá del papel de madres de personas con síndrome de Down.

Los diferentes momentos de escritura creativa, el proceso de reflexión sobre el cuerpo simbólico y las imágenes representadas en él a través de collages, la elaboración de máscaras y marionetas de guante permitieron a las madres expresar su subjetividad y ampliar la conciencia de sus experiencias interiores.

Para Jung, la creatividad artística es una función psíquica natural y estructurante cuya capacidad terapéutica radica en el proceso de dar forma, de transformar los contenidos inconscientes en imágenes simbólicas (REIS, 2014). Las participantes en la investigación demostraron a través de sus producciones que los contenidos inconscientes de las madres de adultos con Síndrome de Down están impregnados de sentimientos como la decepción por el tiempo perdido (sueños aplazados), la añoranza de familiares, pero también el deseo de cambio, de una vida sana y feliz. Consiguieron acceder al inconsciente individual, resignificar sentimientos que remitían a la tristeza y la frustración y valorar los logros internos, fortaleciendo así su visión de la vida.

Es importante destacar que la arteterapia desarrollada con las madres Drinha y Helô no se llevó a cabo en una clínica de salud, sino en un espacio cultural: el Teatro de Títeres Origens. La apropiación del espacio durante las sesiones contribuyó sin duda a que las madres se sintieran cómodas para expresar sus emociones y se sintieran protagonistas de su proceso arteterapéutico.

Para hacer afirmaciones más consistentes sobre la relación entre las expresiones simbólicas de las madres de adultos con Síndrome de Down durante un proceso de arteterapia y la resignificación de sentimientos, es necesario aplicar las técnicas utilizadas en este trabajo a nuevos grupos de madres. Una posible forma de acceder a ellos es a través de Organizaciones No Gubernamentales especializadas en la salud de las personas con Síndrome de Down.

Fig. 4 – Construção de bonecos de luva (Produção da Drinha à esquerda, da Helô à direita)

Fig. 5 – Construção de bonecos de luva (Produção da Drinha à esquerda, da Helô à direita)